Cidade Malavilhosa

O Rio de Janeiro para Crianças de 2 Anos

Estive com a Ceci no Rio. Queria aproveitar para mostrar a cidade onde nasci, como é bonita, que clima bom, que vida boa.

Fui com ela até a pedra do Arpoador.

“Olha, filha! Uma das paisagens mais bonitas do mundo!”

Ela adorou: “Papai, por que esse poste grandão tem um buraco?”

Em estando no Rio, não deixe de visitar o Postão do Arpoador.

“É pra entrar a pessoa que conserta o poste. Olha o morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea, filha, que lindo!”

“Por que a pessoa conserta o poste?”

E seguimos andando pela areia com ela fazendo perguntas sobre o Postão do Arpoador, pelo menos até ver um menino cair de uma prancha de surfe e começar a perguntar: “por que o menino caiu da surfa?”

O Postão do Arpoador foi certamente a coisa que ela mais gostou do Rio de Janeiro, depois do balanço absolutamente comum que tinha no Palácio do Catete.

“Olha a enseada de Botafogo, filha! Que linda!”

“Papai, por que a gente não podia ficar mais tempo no parquinho do Palhaço do Catete?”

No Corcovado, a coisa estava tão cheia de gente e bagunçada que não dava nem pra chegar na mureta pra ver a cidade lá do alto. A Ceci perguntava o tempo todo onde estava a estátua grandona e eu não conseguia mostrar direito. Mas ela gostou bastante de um adesivo de QR code que tinha na cadeira do trenzinho lotado. Uma pena que a lojinha de souvenir não vendia pra levar de lembrança, o que só mostra como a cidade está mal preparada para o turismo.

Cartão postal do Rio

Promoção

Estive pensando no objetivo deste blog. E é o seguinte:

Criar uma comunidade de pais (e mães) completamente perdidos e desorientados, para que possamos continuar perdidos e desorientados, mas agora com mais um blog besta pra ler.

Mas a audiência é muito pequena (embora seleta, gosto muito de cada de um vocês que lêem isso aqui e fico feliz com todos os e-mails, inclusive com o e-mail da Dafiti, que na verdade é o único e-mail que eu recebo). E com uma audiência pequena assim eu não vou conseguir virar o próximo Casimiro.

Para aumentar o público, meu departamento de marketing me sugeriu lançar uma promoção.

Atenção, que aí vai:

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Essa belezura aí, ó

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Quem diria, hein? Você com uma casa de máquinas completa para piscinas de até 55 mil litros no seu apartamento!

O sorteio é em breve, então não perca tempo! Assine já! Você ainda recebe inteiramente grátis os textos desse blog no conforto do seu lar! Isso mesmo! Sem precisar sair do sofá!

*O meu departamento jurídico recomendou avisar que o sorteio pode ser cancelado a qualquer momento, ou mesmo inexistente e que eu não me responsabilizo por qualquer pessoa que possa se sentir ludibriada pela promoção. Também me aconselharam a me entregar imediatamente para as autoridades locais, mas vocês jamais me pegarão vivo!

No Meu Tempo Era Melhor

Material didático, por volta de 28 mil a.C. (Devia ser bem difícil carregar isso na mochila)

Somos todos resultado de uma época. Shakespeare nasceu na segunda metade do século XVI e, por isso, criou peças de teatro para retratar com precisão a alma humana. Tivesse ele nascido em 2004, estaria criando dancinhas de Tik Tok para retratar com precisão a alma humana. Como o Fik Shun.

Outros tempos, outros métodos.

Eu, por exemplo, nasci em 1977. Isso significa que passei a maior parte do meu tempo de criança nos anos 1980. Andei no chiqueirinho do Fusca, tomei bastante Biotônico Fontoura com teor alcoólico de 9,5% e fiz um monte de coisas que hoje equivalem a fumar na cara de uma criança. Aliás, o pessoal nos anos 1980 fumava na cara das crianças mesmo.

Mas estamos em 2022. E hoje já se discute se devemos deixar smartphone na mão de uma criança pequena para ela se distrair. Isso não era nem um pouco questionado nos anos 80. Em parte, porque não existiam smartphones naquela época. Mas também não se questionava muita coisa na época. Se existissem smartphones em 1980, seriam tranquilamente  deixados nas mãos de crianças pequenas. E provavelmente ainda teriam pontas extremamente afiadas e perigosas em algum lugar.

O que se diz sempre, nessas horas, é “meus pais fizeram assim quando eu era criança e eu tô aqui, vivo.” E eu entendo o saudosismo. A vida devia ser bem mais fácil quando o único objetivo de um pai era manter a criança viva. A maior preocupação eram os ataques de tigre-de-dente-de-sabre. E uma vez que os tigres-de-dente-de-sabre foram extintos, não sobrou nada com o que se preocupar na tarefa de criar filhos.

Pela lógica do “foi assim que meus pais fizeram”, estaríamos até hoje usando a palmatória como material didático na escola, curando qualquer doença aplicando sanguessugas na pele e gritando “uh! uh! uh!” dentro de nossas cavernas enquanto nos escondemos dos raios que o Deus Nuvem solta lá fora.

Afinal, meus tatatatatataravós aproveitavam as férias escolares arremessando cocô de mamute nas cabeças uns dos outros e eu tô aqui, vivo.

Ser Pai É Difícil Pra Carambola

E não pode falar palavrão.

Uma das maneiras de deixar seu legado para a humanidade, com a vantagem de não precisar fazer
lavagem nasal no seu legado com ele gritando “não quer fazer xô meleca! não quer fazer xô meleca!”

Não escrevo desde o ano passado, mas você que é pai sabe bem a razão dessa pausa. É que criar uma filha, trabalhar, ter um blog e ir ao banheiro regularmente não é moleza. Eu ia ter que abrir mão de uma dessas coisas. Escolhi abandonar este blog porque é provavelmente menos desconfortável do que fazer uma colostomia.

Sobrou, então, criar uma filha, trabalhar e ir ao banheiro regularmente. E equilibrar essas três coisas já é uma tarefa complicada o bastante.

Vou ser perigosamente honesto aqui. Sabe aquele papo de “quando você é pai, aprende habilidades que tornam você um profissional melhor?” A não ser que o seu trabalho envolva habilidades como “ficar completamente desnorteado”, isso é uma grande balela.

Não estou reclamando do fato de ser pai, de maneira alguma. Eu gosto muito de ser pai. O mesmo tanto que alguém pode gostar, por exemplo, do futebol com os amigos na quinta-feira. O problema é quando a sua filha entra numas de não querer ir para a escola, tomar banho, dormir ou usar qualquer roupa numa noite em que o termômetro da babá eletrônica está marcando 8 graus. Isso equivale a ficar levando carrinho maldoso no futebol de quinta-feira. E também a qualquer momento da semana, com certa preferência pelas manhãs de segunda e as mais aleatórias madrugadas.

Você está relaxado, depois de um agradável dia de domingo, tudo correndo bem. Até que, às onze e meia da noite, o beque do time de futebol de quinta-feira aparece inesperadamente na sua casa dando um carrinho em você. Nesse caso, o beque do time é a sua filha exigindo quer que você faça o sol nascer imediatamente. E aos gritos, numa interpretação meio Linda Blair.

Ainda assim, ser pai é um trabalho importante e precisa ser feito.

Mesmo do ponto de vista capitalista/produtivo: se não seguíssemos colocando gente no mundo geração após geração, quem faria a economia girar comprando tamagochis, spin fidgets e ingressos para o BTS?

Ser pai é uma missão. O ser humano, como qualquer espécie, tem toda uma programação genética para querer se replicar por aí, povoando o mundo. E foi a intensa dedicação a isso que fez com que a gente dominasse o planeta, deixando-o mais confortável para nós mesmos. Ainda que, no processo, tenhamos destruído o meio ambiente, promovido guerras terríveis e construído a casa do Gusttavo Lima.

Isso tudo, aliás, só reforça a importância do trabalho de um pai. Se tivéssemos criado pessoas melhores na história da humanidade, provavelmente não teríamos construído a casa do Gusttavo Lima.

(Ainda que o pai do Gusttavo Lima tenha sido extremamente atencioso e esforçado e o filho tenha um gosto duvidoso para a arquitetura por acidente de percurso, dificilmente um outro pai atencioso e esforçado teria criado o arquiteto disposto a desenhar a casa do Gusttavo Lima. Alguém deve ter errado nesse meio do caminho.)

Precisamos criar pessoas melhores, sempre. E pra isso, precisamos de pais dedicados. E mães e avós e tios e irmãos, claro, mas o assunto aqui no blog é paternidade, o que é importante esclarecer para evitar comentários raivosos, apesar de eu suspeitar que ninguém leia este blog com tanto afinco a ponto de querer escrever comentários raivosos.

O que estou dizendo e o que a sociedade precisa muito entender é: ser pai é importante pra caramba para a humanidade. E como tudo que é importante pra caramba para a humanidade, exige dedicação. Como o Moisés de Michelangelo.

Diz a história completa que, quando Michelangelo disse “parla!” para sua escultura de Moisés, ele respondeu gritando “não quer parlar!”

Livro da Semana: Dino Davissauro

Na história, Davi é um menino que fica muito irritado toda hora. E quando fica bravo, ele vira um dinossauro. Mas o livro ensina que, se ele respirar fundo, fica mais calmo e deixa de ser um dinossauro.

Ou seja: tudo errado.

Quem não quer se transformar em um dinossauro? Qualquer pessoa razoável vai achar uma ótima ideia se libertar da débil forma humana e virar um sensacional dinossauro. É como se você pudesse ser o Barney, o Dinossauro – só que, em vez de sair cantando, você tem o poder de destruir tudo que vê pela frente.

Barney esmaga!

E mais que uma premissa equivocada, o livro tem uma proposta curiosa.

Dino Davissauro é um livro que ensina a criança a lidar com a raiva enquanto faz o pai passar raiva. Certamente, com a intenção de que nós, pais, possamos experimentar o próprio método proposto no livro.

Apesar das ilustrações bem feitas, cada outro detalhe no livro vai irritando um pouco: o texto mal escrito, as rimas aleatórias e uma música estranhíssima provavelmente composta pelo Djavan (“verde com verde dá azul” ou coisa assim). Você vai lendo em voz alta pra criança e ficando constrangido, numa espécie de O Livro Sem Figuras, só que feito na maldade.

E então, chega o grand finale: quando a mãe já resolveu tudo sozinha e está abraçando o filho com todo o carinho, só na última página aparece o pai, meio indiferente, lá no fundo da cena, chegando do trabalho com sua pasta de trabalho.

Primeiro, você acha que é um vendedor de enciclopédias. Até que você se toca que não existe mais vendedor de enciclopédia – e o que um vendedor de enciclopédia estaria fazendo num livro sobre que ensina a criança a lidar com a raiva? Talvez se ele estivesse no começo do livro, o menino poderia aprender a lidar com a raiva na própria enciclopédia, o que seria certamente melhor que obrigar o pai a ler o livro.

Mas enfim: está lá o pai, um figurante perfeitamente dispensável. E você, pai, que se deu ao trabalho de ler o livro apesar de tudo, fica bastante furioso. Com a desvantagem de nem ao menos virar um dinossauro.

(E se você ainda quiser um livro sobre raiva, é mais jogo ir no A Raiva, de Blandina Franco e José Carlos Lollo.)

O Terrível Mundo da Paternidade na Internet

Ou: Já Tá Na Hora Desse Bebê Reproduzir a Primavera Eterna do Rodin em Massinha, Não?

Não parece, mas essa coisinha fofa aí na verdade está cantando uma ária de Coriolano
(Foto por Pixabay em Pexels.com)

Tô sabendo que eu mal comecei o blog e sumi logo em seguida. Mas é que eu fui fazer um mergulho no mundo dos blogs e perfis de paternidade (a maioria é de maternidade). E não recomendo a ninguém que o faça.

O universo da paternidade na internet é cruel. Você vai esbarrar em neném de um ano e meio que já consegue recitar toda a poesia de Jorge Luis Borges, neném tocando bateria feito o Art Blakey, neném que cozinha o próprio jantar sem apelar pro miojo e até neném que dorme a noite inteira só porque os pais usaram o “método da girafa” ou coisa assim.

Em se tratando de crianças, a internet é um grande show de talentos do Raul Gil. E tão insuportável quanto.

A pressão é muito grande. Você vai se sentir um fracassado como pai porque o seu bebê passou o garfo da mão esquerda pra mão direita. Ou vai achar a sua filha uma criatura incivilizada porque ela ainda não sabe dizer “com licença” em alemão – até você perceber que você mesmo não sabe, seu incivilizado.

Em tempo: se diz “entschuldigung”. Ensine já para a sua filha.

E então, você vai ficar procurando algum talento excepcional no seu bebê.

Você vai tentar emplacar que ele ou ela dança como a Pina Bausch, mas isso não vai impressionar ninguém porque todo bebê dança como a Pina Bausch.

Claro, também tem toda a publicidade. Como assim, você ainda não comprou para o seu bebê um toboágua com looping? Seu neném não bebe água num copo de bambu orgânico? Você chama ISSO de sapato infantil? A cor do seu sofá da sala não estimula a criatividade da criança! Você vai matar o seu bebê com esse lenço umedecido!

Some isso tudo às regras que a gente descobre: se você diz “durma bem” em vez de “adormeça tranquila” para a sua filha, a criança vai ficar traumatizada para sempre!

Não aguentei a cobrança e decidi me afastar um pouco desse mundo das redes sociais para pais. Finalmente, já me sinto apto a voltar. Demorou um pouco, mas consegui que a minha filha entendesse a Teoria-M de Edward Mitten (apesar de ela ainda ter alguma dificuldade pronunciar o “gr” de supergravidade).

Agora a Ceci está decidindo entre o MIT e Harvard. Só que sem pressão. O importante é você aceitar o seu neném do jeitinho que for.

(Lembrando que aí do lado tem uma caixinha onde você coloca o seu e-mail e recebe os textos do blog no conforto do seu lar.)

Livro da Semana: Memórias do Subsolo

Depois de vários dias mergulhado n’O Livro Com o Ursinho na Capa é bom deixar o seu bebê encarar uma leitura mais leve e casual: sem toda aquela complexidade psicológica, sem o mergulho profundo no inconsciente.

Memórias do Subsolo poderia ser classificado na mesma categoria de “Os Amiguinhos da Floresta”, se “Os Amiguinhos da Floresta” contasse a história de um sapo amargo que despacha críticas ferozes a tudo e a todos, recluso em um subsolo.

Muitos dirão que um bebê não é capaz de compreender o texto de Memórias do Subsolo. Mas lembre-se: estamos falando dessa pessoinha que encontra sentido n’O Livro Com o Ursinho na Capa. Ele certamente pode ler a obra inteira de Dostoiévski no original, enquanto faz cocô.

Se lido com voz suave, Memórias do Subsolo, é uma ótima leitura para fazer o bebê adormecer e sonhar com os anjinhos. É tudo uma questão de entonação. Experimente ler para seu filho ou filha o trecho abaixo, por exemplo, bem baixinho:

“Um homem inteligente do século dezenove precisa e está moralmente obrigado a ser uma criatura eminentemente sem caráter; e uma pessoa de caráter, de ação, deve ser sobretudo limitada.”

Fiódor Dostoiévski, em “Memórias do Subsolo”

Claro que isso não é uma leitura para qualquer fase do bebê. É mais recomendável para aqueles que já passaram da exterogestação. Se o seu neném tem menos de 3 meses, é melhor aguardar que a Editora 34 traduza o livro que Dostoiévski escreveu mais tarde, no cárcere na Sibéria, “Memorinhas do Subsolo Maluco”. É como o texto original, só que com diminutivos e ilustrações bem coloridas.

“Sou um homem doentinho… um homem malvadinho… um hominho desagradável. Creio que estou dodói do fígado.”

Fiódor Doistoiévski, em “Memorinhas do Subsolo Maluco”

Depois desta leitura suave, seu bebê estará pronto para encarar novamente livros mais densos, como “Puxe e Ache – Fazendinha”.

Assinar o blog: Como? Por que?

(Por que, eu não sei. Mas como assinar, posso explicar.)

Mais um que assinou o blog pra saber o que o pai está pensando (foto: Unsplash)

Ainda estou definindo a assiduidade dos textos aqui no blog, mas por enquanto é inconstante como as noites de sono do seu bebê: vem não se sabe quando, não se sabe como, não se sabe por que.

Um dia, eu ajeito isso e vai ser uma coisa mais constante. (Os textos, não o sono.)

Por enquanto, se você quiser saber o que tá acontecendo aqui, aí na barra ao lado (ou lá embaixo, se você está no celular), tem um “assine por email”.

Você coloca o seu email ali e recebe os textos sem sair de casa! Sim! Os textos do blog na comodidade do seu lar!

Assim, pode aparecer na sua caixa de entrada, de surpresa, um texto que traz a reposta definitiva praquele dilema que você está vivendo com a sua cria naquele exato momento. É bastante improvável? É. Quase impossível? Sim. Mas você nunca vai saber se não tentar.

E se você tem um login do WordPress.com, também pode assinar e receber as atualizações do blog na plataforma. Mas sejamos francos: quem diabos tem login do WordPress.com além do cara que escreve o próprio blog?

Enfim: assina lá. Eu assinei e recomendo.

As Crises do Bebê – Dentinhos Nascendo

Bebês passam por algumas crises ao longo do seu desenvolvimento: as tradicionais crises dos 3, dos 6, dos 8 e dos 12 meses, mais as crises do 3 meses e um pouquinho, 4 meses mais ou menos, quase 7 meses. Soma aí também outras crises como: dente nascendo, reação a vacina e a famosa Crise do Que Legal Um Fio Preciso Morder.

(Considere que o bebê vai ter 20 dentes de leite. Só de dente nascendo já dá um baita tempo de crise.)

Bebê com os dentinhos nascendo (foto: Unsplash)

Vai seguindo assim durante um tempo (a crise da pré-adolescência, a crise da adolescência, a crise do vestibular, a crise do Entrei Na Faculdade Errada, a crise do Tô Estagiando Quase de Graça), até um pouco depois que o seu bebê finalmente encontra um emprego decente – e aí as crises ainda existem, mas são problema dele.

Isso dá quantos dias sem crise?

A revolucionária proposta d’O Progenitor Moderno é, no lugar de falar das crises, definir os momentos de calmaria. Assim, você abraça o caos e não entra em pânico. Além do mais, fica muito mais fácil que sair inventando um monte de nome pra cada crise.

Mas enquanto ninguém chega com essa solução, vamos falar de cada uma das crises. Hoje é dia de:

Dentinhos Nascendo

Tem quem não ache fofo aquele neném com dois dentinhos nascendo na genviva embaixo? Tem: o próprio neném.

Você já extraiu um ciso? É chato pra cacete. Agora imagina o ciso tentando se extrair sozinho, rasgando a sua gengiva lentamente, sem anestesia, nem um dentista puxando papo pra te distrair na hora. O dente de leite nascendo deve ser mais ou menos isso.

É claro que o bebê fica meio irritado. Ele fica até pouco irritado. Se fosse com você, você sairia chutando velhinhos na rua, só pra descarregar. Como o bebê ainda não consegue sair na rua pra chutar velhinhos, só lhe resta resmungar um pouco e ficar acordando a noite toda.

E considere que são 20 dentes de leite pra nascer. A não ser que você more ao lado de um bingo clandestino, na sua rua nem teria velhinho o suficiente pra você chutar.

COMO AGIR

Da próxima vez que você ver um bebê com dois dentinhos nascendo embaixo, não diga “que bonitinho!”. A falta de solidariedade pode irritá-lo ainda mais e ele vai ter que descontar nos pais, acordando a cada 20 minutos à noite.

A reação certa é bater de leve com o punho fechado da mão direita no seu próprio peito e dizer: “Dureza, cara… Tamo junto.”

Em seguida, esconda todos os cabos de carregador de celular. O bebê agora tem uma habilidade nova, a de destruir fios. E ele vai usar. Ele até poderia usar o dente, por exemplo, pra ajudar você a abrir aquele pacote de amendoim praliné que não abre nem a pau. Mas não: ele tá a fim mesmo é de acabar com a bateria do seu Android.

Por que não fazem mordedores em forma de cabo de celular? (foto: Unsplash)

Prepare-se também para levar mordidas aleatórias, principalmente na mão. Você vai ficar com umas marcas tão profundas que botam em cheque todo esse papo de “dente de leite”. Talvez o nome mais adequado seja “presas”. O negócio é que o bebê tá incomodado e morder alivia – embora nem sempre alivie pra você.

Alguns recursos ajudam. O mais usual é dar uma coisa fria pro bebê morder, como um daqueles mordedores que vão no freezer ou o temperamento do Ivan Drago em Rocky IV. O frio ajuda a anestesiar a dor na gengiva do bebê.

Você pode, por exemplo, colocar a sua mão no congelador. É melhor pra você também, já que o frio vai ajudar a anestesiar a dor na sua mão também.

Sua mão e o bebê (foto: Unsplash)

De resto, não tem lá muito o que fazer.

Os dentes vão nascer necessariamente um dia depois que o bebê resolver a dormir bem – só pra estragar tudo de novo. Quando isso acontecer, fale com o pediatra.

Você, que é um pai consciente e uma boa pessoa, não vai apelar praquele gel anestesiante que faz um mal desgraçado pro bebê. Mas, em último caso, quem sabe, pode ir na rua chutar uns velhinhos pra descarregar.

Testando brinquedos: a Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba

Esta semana, testamos um brinquedo incrível, que é sucesso garantido entre as crianças. É a Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba.

Mattel? Hasbro? Estrela? Não: Minalba. (foto: Unsplash)

Esqueça aqueles brinquedos meticulosamente pensados para o bebê, com sonzinhos, cores, luzes e galinha pintadinha desenhada. A Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba vai se tornar rapidamente o brinquedo preferido do seu filho ou filha.

A Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba consiste em uma garrafinha de plástico da Minalba que você apenas renomeou, adicionando o “Maluca” – adjetivo que transforma qualquer coisa em um mundo de diversões!

Ela vem equipada com uma tampinha e um rótulo. A tampinha, o bebê vai se divertir tentando tirar. E o rótulo, ele vai tentar arrancar e comer para se alimentar. São várias atividades em um só brinquedo.

Leve em conta ainda que a Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba é sempre um brinquedo novo: ela vai mudando de forma à medida em que o bebê amassa.

Mas o principal é que, além de entreter, a Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba é sustentável. É só fazer as contas: aproximadamente 1,12 milhão de garrafas plásticas são jogadas nos oceanos todos os dias. Nascem mais ou menos 392 mil bebês por dia no mundo. Se cada um deles ganhar 2.8 garrafas de plástico no chá de bebê, podemos limpar os mares do planeta.

Poderia estar divertindo a sua filha, mas tá aí, poluindo o planeta (foto: Unsplash)

E se a gente usar, por exemplo, um pacote de pão Pullman vazio para ser a embalagem da Garrafinha de Plástico Maluca da Minalba nas prateleiras da Ri Happy, aí então resolvemos dois problemas de uma só vez.

É só questão de tempo até lançarem a Garrafinha de Plástico Maluca do Gugu.